Há sempre uma razão para viver. Podemos elevar-nos acima da nossa ignorância, podemos olhar o nosso reflexo, como o de criaturas feitas de perfeição, inteligência e talento. Podemos ser livres! Podemos aprender a voar!
(Richard Bach "Fernão Capelo Gaivota")

domingo, 24 de maio de 2009

Soneto da Felicidade

Invadiu-me um aroma

intenso de incenso feliz

descobri-me numa raiz

era igual ao meu idioma.


Uma partitura um gnoma

numa calma paz perfiz

desfiz e enterrei cicatriz

multipliquei feliz a soma.


Feliz me encontro agora

do lado de dentro sorriso

o momento o dia a hora.


Felicidade de mim aliso

ares e voos já não chora

bem me sinto neste aviso.

sábado, 23 de maio de 2009

Estranha forma...

Estranha forma de ser, a minha,

quem será que habita em mim?!

não é de adulto com certeza

é um desconcerto ingénuo.


Estranha forma de apatia, a minha,

que será que me espera do outro lado?!

não é de ninguém com certeza

será rejeição será o ridículo do ser.


Estranha forma a minha

num mundo que caminha

luta, injuria, pura adivinha

verdade ou mentira a rainha.


Estranha forma a minha, de dizer,

porque será que não sou como os demais?!

nunca escolhi a escuridão e a mentira

que antídoto habita em mim para tal.


Estranha forma de admitir e concluir

que a sorte abona os que querem destruir

talvez um dia quem sabe mude ideias

de que vale a pena ser-se como se é.


Estranha forma de lamento, sem pena,

porque de abutres o mundo está cheio

e os lobos espreitam a cada esquina

famintos de carne fresca e cara lavada.


Estranha forma de me lamentar,

será que pena procuro, não posso?!

não, meu coração não permite tal,

é antes um grito, uma revolta.


Estranha forma de felicidade,

pecar por não amar, e tanto reter,

serás capaz de tu amar assim?!

estranha forma de acreditar.


Estranha forma de desistir,

raiva que sinto do mundo?!

não, mas vou ficar por aqui,

as palavras são arte apenas.

mas são aquilo que o poeta sente.

Viagem...

Mergulhei numa paisagem

fiz uma longa viagem

procurei ver numa miragem

um ponto pequeno, uma viragem.


Parei numa cidade estranha

vim do cimo de uma montanha

uma caminhada, uma façanha

foi de lá que vim sem sanha.


Perguntaram se sabia o que era o amor,

não respondi, sem lhes mostrar a dor,

perguntaram se o amor era uma flor,

até me tentaram roubar a cor.


A dor de parto, da perda, da morte,

da guerra, da fome, do homem sem norte

das crianças abandonadas a sorte,

dos fracos e frágeis sem forte.


Perguntaram se eu sabia o que era amar

não respondi, sem lhes mostrar o olhar

perguntaram se amar era um chamar

até me tentaram tudo tirar.


A mentira a traição os fez encerrar

aos corações a ganância fez tirar

olhares brilhantes a rios a chorar

e a luxúria os fez hibernar.


Perguntaram se eu sabia qual era a solução

não respondi, sem lhes mostrar o sim e o não

perguntaram se a solução era uma razão

até me tentaram acusar de agitação.


O brilho, a luz, te faz embalar,

um carinho uma ternura a espreitar

loucos os que se entregam ao amar

porque sabem do que estou a falar.


E eu vi para lá uma passagem

fiz hoje mesmo a bagagem

revivo o amor em coragem

numa esperança sem miragem.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

A mais linda história...

A mais linda história,

ninguém ainda a escreveu

fala-nos como as almas

conquistam de novo o amor.


A mais linda história,

nem sou digno de a contar

fala-nos de como o amor

foi conquistado por sorrisos.


A mais linda história,

não tem homens nem mulheres

fala-nos de corações e de iluminados

que se encontram em perfeita harmonia.


A mais linda história,

não tem palavras nem livros

fala-nos de um jardim distante

plantado na profundeza dos homens.


A mais linda história,

não pode ser sabida por ninguém,

que só as crianças a podem cantar

e os corações de criança a sentir.


A mais bela história,

não tem feridas nem dor

fala-nos de curas e milagres

que vem de dentro da alma.


A mais bela história,

não vem nos escritos nem da memória

fala-nos em sinais que só certas almas sentem

são douradas os seus caminhos.


A mais bela história,

é contada todos os dias,

basta abrirem o coração,

e deixar cantar a alma.


A mais bela história,

não nos fala de qualquer palavra,

fala-nos apenas de uma, o amor,

diz-nos apenas para a seguir.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Inquietudes…

Sopram ventos, eu sei,

inquietudes caindo

chegam perto tu sabes

incertas ou confusas parecem.


Não é difícil chorar

enxugar as lágrimas sim

vão inquietudes e voltam

decifram o enigma do amor.


Tremem sentidos e emoções

um som de um violino nos corta

como é difícil dar um passo

esta criança em mim precisa de andar.


Como será?! tem amor, tem dor, tentar de novo

e a cabeça esconde o que o coração quer ver

repensamos a verdade e ocultamos a felicidade

existem pessoas assim, capazes de nos dar o que não existe.


Vibram inquietudes, legitimas de amores destroçados

sonhos, vidas, alegrias, lágrimas secas e percas,

lá de dentro, dentro de nós, um tsunami nos invade,

é preciso nascer outra vez?!


Haverá amor assim?!

dar sem nada tirar

ser um eu sem deixar de ser eu

libertar a dor e soltar as feridas.


Inquietudes, eu sei,

questões mil, respostas vagas,

tempestades que nos fecham

endurecem o coração e a alma.


Inquietudes, eu sinto,

devo eu, devo eu… ?!

ser, não ser, acreditar

de novo nascer em mim.


Só eu me posso ajudar

só eu sinto a dor do tempo

e a mágoa de não te dar

liberdade que te curará.


È preciso acreditar, eu sei,

inquietudes libertar, eu vejo,

lágrimas enxugar, eu sinto,

sorrir sim, sorrir, ser asa e ser,

voar no voo do vento.