Há sempre uma razão para viver. Podemos elevar-nos acima da nossa ignorância, podemos olhar o nosso reflexo, como o de criaturas feitas de perfeição, inteligência e talento. Podemos ser livres! Podemos aprender a voar!
(Richard Bach "Fernão Capelo Gaivota")

terça-feira, 26 de maio de 2015

Tenta Viver


Valerá a pena ser sincero,
quando o mais banal e inofensivo
pensamento é apenas existencial
manipulado e ainda assim sorri.

Valerá a pena remar nesse rio
a que chamamos de vida
onde a corrente e de vermes
sugas, parasitas e necrófagos.

Valerá a pena ser-se como se é
acreditar nas historias que a historia
já conto vezes sem conta
e se repete vezes e mais vezes

A culpa é das estrelas, dessa evolução
somos a aberração imperfeita da natureza
os filhos abandonados de um deus qualquer
o mutante perfeito da radiação cósmica.

Valerá a pena contar as guerras
se outras tantas se seguirão
contar pessoas em saldo monetário
jogar pessoas no tabuleiro das bolsas.

Valerá a pena acreditar na democracia
de quem exista pensando que mais ninguém existe
onde sem ideias caminham premiados e adorados
pelos números que as leva à vaidade e ao poder.

Valerá a pena aprender a viver
dar sentido ao que não tem sentido
dar valor ao que não tem valor
falar de amor como se de uma peça qualquer
que encaixa na imperfeição de uma doutrina.

Valerá ainda a pena a vida
nesta espécie de alucinante viciante
que é a esperança nas promessas
que nos queima numa paralisia colectiva.

E por fim valera a pena
dar o esforço de uma vida por quem nos oferece a morte
o fim da dor sufocante pelo descanso eterno,
a esperança por quem nos dá a guerra
o amor por quem faz do amor uma competição

E no fim valera a pena a palavra
hipócrita na morte avassaladora na vida
demagoga na vida e esperançada na morte
perpetuada e eternizada pelos mesmos assassinos.

Valerá ainda a pena a vida?

C.M.

Herói Invisível


Precisamos do herói invisível
das verdades e honestidades
não precisamos desta fantasia
popular de fantoches e marionetas.

Precisamos de um herói invisível
transparente como agua da fonte
onde criar laços é uma ponte
e o fim do fosso das riquezas alheias.

Precisamos de aprender a escrever
ler e criar riquezas invisíveis
precisamos de partilhar, quebrar
fronteiras, preconceitos e interesses.

Precisamos de quem nos tire dos números
das equações e formulas especulativas
da corrida desenfreada pela meta sem fim
da assembleia que dita as desigualdades.

Precisamos de um herói invisível
incorruptível á demagogia,
ao cinismo e ao sarcasmo,
á morte do pensamento vivo.

Precisamos de quem nos tire do vicio
da puberdade da humanidade,
do ímpio e negro ouro impuro,
dessa alienação que domestica a tua vida.

Precisamos de um herói invisível
que vê para além das estrelas
que pensa livre como uma brisa.
Mas esse herói não existe e ninguém se importa.

C.M.


Vou morrer só
num mar de ideias e pensamentos
vou morrer só
num mar de sonhos e sentimentos

Na vastidão do universo
na distancia entre as estrelas
à vazios que não completo
à silêncios que não me ouvem

Deixei de ouvir as ondas do mar
de sonhar e poder voar
deixei um testamento vazio
de uma voz por calar

E assim deixei o sofrimento
na angustia da morte lenta
por mais que procure a esperança
não a encontro, nem ao vento.

C.M.