Há sempre uma razão para viver. Podemos elevar-nos acima da nossa ignorância, podemos olhar o nosso reflexo, como o de criaturas feitas de perfeição, inteligência e talento. Podemos ser livres! Podemos aprender a voar!
(Richard Bach "Fernão Capelo Gaivota")

domingo, 17 de outubro de 2010

Não existe amor suficiente...


Sabes que não existe amor suficiente,
são entoadas canções de amor ridículas,
são escritos livros de amor crente,
e versos milhares separados de virgulas.

São poucos os que têm tudo,
muitos os que não têm nada,
existe um amor ainda mudo,
reclusos do poder abastada.

Sabes que não existe amor suficiente,
loucos se escondem em quadro paredes,
são vozes silenciadas numa arma doente,
são verdades que não passam nas redes.

São poucos os que têm privilégios,
muitos os que vivem alienados,
existe uma justiça ainda em sacrilégios,
jogos de poder pelas crenças condenados.

Sabes que não existe amor suficiente,
nas paredes escritos os últimos apelos,
nos corações sofridos e alma doente,
camuflados em luzes de néon e repelentes.

São poucos os sujos de memórias,
muitos os escondidos da memória,
de momentos e escritos da história,
de um só momento de amor e vitória.
(C.M.)

Louco



Vou-vos falar de uma verdade
de um louco que usou falar de amor
estéril e louco morreu
nos pântanos de altos cargos.

O medo domina e o cio enlouquece,
adulteras e profanas justiças da dor,
necrófagos ou vampiros esperam
carne para canhão são nódoas de rancor.

Apelativos e sedutores são os cartazes
animal preso no arame de uma flor
cegos pela luz da terra em frágeis pazes
numa bala perdida em nome do amor.

Na ilusão da puberdade se aniquila
dá-se um monstro faminto de carências
para te levarem ao crematório santo
saciando-se da eternidade do progresso.

E se os ventos são de norte
e os tambores de sul
cruzam-se e formam-se monções
são progressos movidos pela ilusão,
de haver uma arma mais poderosa.

E o louco ousou querer numa crença,
na utopia dos inválidos e dementes,
perguntou á dor e ao amor essa tença,
nua e cruel pergunta de longes mentes.

Oiço gemidos e lágrimas de criança,
apertos e insultos aos sábios de vida,
cínicas e sarcásticas palavras a esse ser,
belo, dando vidas que é a luz de mulher.

E aqui estou eu de novo desafinando
os confortavelmente apáticos
cifrão que ilude e o tempo consome
e o medo aumenta nos média mentes.

Oiço rangeres, murmures e lamentos,
dor para que serves se vieste do paraíso,
amor para que serves se vieste do inferno,
e um louco usou falar e dizer o bem.

E se estavas à espera de uma doce poesia,
de uma qualquer palavra dizendo que nos amamos,
apenas nos utilizados em interesses egoístas,
e confortavelmente apáticos não nos importamos de perder.

Estéreis são os profecias,
em abundantes orgias,
recriam os nosso dias,
um fim que desafiamos.

E o louco vive doente numa aberração,
esse aborto que rejeitas, e nas veias corre
veneno e medos que sustentam o coração,
Junta-te a mim na morte lenta e dolorosa,
no banquete dos aleijados e inválidos.

E as lágrimas, sim as lágrimas loucas
de um animal são donas num grande festim
o tributo ao hilariante louco que falou de deus
são migalhas de palavras que os doutores ditam.

(C.M)