Há sempre uma razão para viver. Podemos elevar-nos acima da nossa ignorância, podemos olhar o nosso reflexo, como o de criaturas feitas de perfeição, inteligência e talento. Podemos ser livres! Podemos aprender a voar!
(Richard Bach "Fernão Capelo Gaivota")

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Se Voar...

Se o corpo fosse uma mentira

o tempo uma ilusão

a vida uma fantasia

a morte uma contradição.


Onde reside o êxtase

o orgasmo do animal

o verbo e a frase

a carne e o espiritual.


Se voar fosse uma mentira

o bem e o mal uma invenção

se questionasses o amor e a ira

o caos, disciplina e a razão.


Questiona a vida mortal

o solo que te consome imortal

uma vida exposta e acidental

de um lapso de luz artificial.


Se voar fosse uma opção

do carácter da mente débil

que corrói a alma e o coração

o metal frio passageiro do covil.


Se a mentira fosse a maior verdade

ninguém resiste à verdade da besta

satisfação corrupção alienação vontade

orgia sem prazer êxtase sem resta.


Onde está o teu valor

o universo em ti a luzir

a força do teu ser em alvor

ninguém por ti está a sorrir.


Perguntas-me como me sinto

pessoa carácter integro palavra

pronto para carnificina no recinto

dos actos indecentes que hoje lavra.


Não resistes ao faminto instinto

como se tudo fosse e nada será

encerras vidas nesta vida extinto

intenso soberbo que tudo permanecerá.


Nada sabes de lágrimas,

do doce sabor do amor,

do cetim leve das rimas,

do prazer em laço de dor.


Nada crias nas cores do ser,

no desenho da pele bonita

a música mais bela pertencer

fazer amor num luar escrita.


Não sabes das palavras verdadeiras

da vida para lá do infinito universo

quando cego estás pelas ratoeiras

que a vida te impôs sem um reverso.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Rótulo

Sou o teu rótulo

a imperfeição da vida

o zero do título

a inscrição indevida.


Tenho na testa vincadas

as sentenças cruas e nuas

das cenas encenadas

das imperfeitas e ambíguas.


Da vida recolhi meus frutos

ouve quem sentenciasse

réus, juízos culpados devolutos

do bem ao mau tudo criasse.


Na imperfeição dos tempos

no ar um espírito em ruínas

caminha em contratempos

de almas boas a carnificinas.


Sou o letreiro que colocas à porta

quando fechas os sentidos ao belo,

a última escolha do puzzle morta

surdo, muda cego sem nenhum apelo.


Já me culpei sem culpas,

crucifiquei os dias passados

não subestimo minhas lutas

prefiro o silêncio apaixonado.


Não sabem o que perdem lida

o poder da criação da imaginação

do sabor e cheiro da bela sedução

ao tentar viver tudo numa só vida


Rótulo invólucro despojo

etiqueta código sociedade

média TV rádio que enojo

euro dólar que falsidade.