Há sempre uma razão para viver. Podemos elevar-nos acima da nossa ignorância, podemos olhar o nosso reflexo, como o de criaturas feitas de perfeição, inteligência e talento. Podemos ser livres! Podemos aprender a voar!
(Richard Bach "Fernão Capelo Gaivota")

domingo, 24 de abril de 2011

Senhores do Dinheiro

Senhores do Dinheiro

Vós, Senhores do Dinheiro

Políticos, Economistas e Banqueiros que nos enganais,

Que cotações, Ratings e bolsas inventeis

Que de especulações e interesses viveis

Que em offshores e subprime roubeis

Que vos escondeis atrás de paredes

Que vos escondeis atrás de gabinetes

Quero que saibam

Que vejo através das vossas mentes

 

Vós, Senhores do Dinheiro

Que jamais fizestes outra coisa

para além de subir e descer juros

Brincais e explorais os mais humildes

Como se fossem vossas marionetas

Dais-me uma esmola para a mão

E escondei-vos do meu olhar

E desviais e fugis bem depressa

Quando rápidas vidas caiem na rua.

 

Como a velha peste

Demagogos e desonestos

Que retalhais e dividis o mundo em norte e sul

em mapas e em primeiros e terceiros mundos

Quereis que acredite

Que uma economia global pode trazer igualdade

Mas vejo para além das vossas máscaras

Como vejo através da água

Que escorre pelo cano de esgoto

 

Preparais ciclos económicos e eleições

para ganharem mais uns milhões

Depois encostáveis e apreciais em belos iates e aviões

milhares de mortes, mulheres estéreis e crianças famintas

Quando o número de famintos aumentar

escondei-vos nas vossas luxuosas mansões

enquanto sonhos destruídos e lágrimas escorrem

dos corpos de crianças e Homens honestos

e se misturam nas ruas que pisais.

 

Causastes o pior dos medos

alguma vez provocado

medo de dar filhos ao mundo

como se de moeda de troca fosse

como se de uma loja se tratasse

Por aprisionares o meu filho

ainda sem corpo e sem nome

Não mereceis a condição humana

que vossa alma transporta.

 

Tantas coisas que sei e li

ditaduras, democracias e absolutismos,

quereis que acredite em comunistas, capitalistas,

anarquistas, democracias, políticos e economistas,

podeis dizer que sou ingénuo e ignorante

mas duma coisa estou certo

embora mais ingénuo e ignorante que vós

nem Jesus ou Buda vos perdoaria

aquilo que fazeis às pessoas e ás crianças.

 

Deixei que vos pergunte

O vosso dinheiro é assim tão importante

comprar-vos-á o perdão

pensais que será possível

Creio que descobrireis

no momento da vossa morte

que nem todo o dinheiro

vos restituirá a alma

 

Espero que morrais

e que chegue depressa a vossa morte

Seguirei a vossa urna

na tarde pálida

e estarei vigilante quando vos baixarem

para o leito da morte

e ficarei sobre a vossa campa

até estar seguro da vossa morte.

(B.D./C.M.)