Um dia assim, quem quer?
recantos e encantos vazios,
pensamentos soltos sem poiso.
Conheces o sabor do tempo?
A vida num só momento?
Onde existe o perdão?
Um dia assim, quem o fez?
Holocausto para os ousados,
em crematórios do egoísmo.
Truz truz, quem está ai?
Viemos-te buscar por fim.
Dias assim eu recusei.
Ousei acreditar, criar assim,
em dias assim, no imaginário,
nos mitos, lendas ancestrais,
que as crianças rejubilam,
quando lhes contam em dias assim.
O desfile do dia começou,
o rei egoísmo em dias assim,
criou o progresso das valas,
muros, pedras e dias frios.
O espectáculo começou
as luzes apagam-se
e os feitiços são lançados,
em telas de vidro e fibra.
As mentes estudadas,
sentidos e necessidades,
sentimentos e raivas,
em laboratórios de egoísmos.
E em cartazes gigantescos,
luzes enfeitiçam a noite,
apelativas cores de néon,
chamam pelas fraquezas.
Devo eu ser sincero?
Devo eu ser fiel?
Tudo justificamos
em parábolas e frases.
Um dia assim quem sabe,
me conheças descalço,
num espectáculo voraz,
numa jaula de serpentes.
Um dia assim quem sabe,
o pano não suba sob o palco,
e o piano desafinado toque,
e as palmas não se oiçam.
Um dia um fim assim,
um bobo te iluda de nada,
em palavras de circo
e frases cheias de vazio.