Há sempre uma razão para viver. Podemos elevar-nos acima da nossa ignorância, podemos olhar o nosso reflexo, como o de criaturas feitas de perfeição, inteligência e talento. Podemos ser livres! Podemos aprender a voar!
(Richard Bach "Fernão Capelo Gaivota")

domingo, 20 de novembro de 2011

Um dia assim...



Um dia assim, quem quer?
recantos e encantos vazios,
pensamentos soltos sem poiso.
Conheces o sabor do tempo?
A vida num só momento?
Onde existe o perdão?

Um dia assim, quem o fez?
Holocausto para os ousados,
em crematórios do egoísmo.

Truz truz, quem está ai?
Viemos-te buscar por fim.
Dias assim eu recusei.

Ousei acreditar, criar assim,
em dias assim, no imaginário,
nos mitos, lendas ancestrais,
que as crianças rejubilam,
quando lhes contam em dias assim.

O desfile do dia começou,
o rei egoísmo em dias assim,
criou o progresso das valas,
muros, pedras e dias frios.

O espectáculo começou
as luzes apagam-se
e os feitiços são lançados,
em telas de vidro e fibra.

As mentes estudadas,
sentidos e necessidades,
sentimentos e raivas,
em laboratórios de egoísmos.

E em cartazes gigantescos,
luzes enfeitiçam a noite,
apelativas cores de néon,
chamam pelas fraquezas.

Devo eu ser sincero?
Devo eu ser fiel?
Tudo justificamos
em parábolas e frases.

Um dia assim quem sabe,
me conheças descalço,
num espectáculo voraz,
numa jaula de serpentes.


Um dia assim quem sabe,
o pano não suba sob o palco,
e o piano desafinado toque,
e as palmas não se oiçam.

Um dia um fim assim,
um bobo te iluda de nada,
em palavras de circo
e frases cheias de vazio.

domingo, 12 de junho de 2011

Navegar é preciso; viver não é preciso. Viver não é necessário; o que é necessário é criar.


Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes,
mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo.

E que posso evitar que ela vá a falência.

Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios,incompreensões e períodos de crise.

Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e
se tornar um autor da própria história.

É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar
um oásis no recôndito da sua alma .

É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.

Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos..

É saber falar de si mesmo.

É ter coragem para ouvir um 'não'.

É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.

Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo...

(Fernando Pessoa)

domingo, 5 de junho de 2011

Navegar é Preciso

NAVEGAR

Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:
"Navegar é preciso; viver não é preciso".

Quero para mim o espírito [d]esta frase,
transformada a forma para a casar como eu sou:

Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande,
ainda que para isso tenha de ser o meu corpo
e a (minha alma) a lenha desse fogo.

Só quero torná-la de toda a humanidade;
ainda que para isso tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso.

Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue
o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir
para a evolução da humanidade.

É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.

(Fernando Pessoa)

sábado, 28 de maio de 2011

Momentos

domingo, 24 de abril de 2011

Senhores do Dinheiro

Senhores do Dinheiro

Vós, Senhores do Dinheiro

Políticos, Economistas e Banqueiros que nos enganais,

Que cotações, Ratings e bolsas inventeis

Que de especulações e interesses viveis

Que em offshores e subprime roubeis

Que vos escondeis atrás de paredes

Que vos escondeis atrás de gabinetes

Quero que saibam

Que vejo através das vossas mentes

 

Vós, Senhores do Dinheiro

Que jamais fizestes outra coisa

para além de subir e descer juros

Brincais e explorais os mais humildes

Como se fossem vossas marionetas

Dais-me uma esmola para a mão

E escondei-vos do meu olhar

E desviais e fugis bem depressa

Quando rápidas vidas caiem na rua.

 

Como a velha peste

Demagogos e desonestos

Que retalhais e dividis o mundo em norte e sul

em mapas e em primeiros e terceiros mundos

Quereis que acredite

Que uma economia global pode trazer igualdade

Mas vejo para além das vossas máscaras

Como vejo através da água

Que escorre pelo cano de esgoto

 

Preparais ciclos económicos e eleições

para ganharem mais uns milhões

Depois encostáveis e apreciais em belos iates e aviões

milhares de mortes, mulheres estéreis e crianças famintas

Quando o número de famintos aumentar

escondei-vos nas vossas luxuosas mansões

enquanto sonhos destruídos e lágrimas escorrem

dos corpos de crianças e Homens honestos

e se misturam nas ruas que pisais.

 

Causastes o pior dos medos

alguma vez provocado

medo de dar filhos ao mundo

como se de moeda de troca fosse

como se de uma loja se tratasse

Por aprisionares o meu filho

ainda sem corpo e sem nome

Não mereceis a condição humana

que vossa alma transporta.

 

Tantas coisas que sei e li

ditaduras, democracias e absolutismos,

quereis que acredite em comunistas, capitalistas,

anarquistas, democracias, políticos e economistas,

podeis dizer que sou ingénuo e ignorante

mas duma coisa estou certo

embora mais ingénuo e ignorante que vós

nem Jesus ou Buda vos perdoaria

aquilo que fazeis às pessoas e ás crianças.

 

Deixei que vos pergunte

O vosso dinheiro é assim tão importante

comprar-vos-á o perdão

pensais que será possível

Creio que descobrireis

no momento da vossa morte

que nem todo o dinheiro

vos restituirá a alma

 

Espero que morrais

e que chegue depressa a vossa morte

Seguirei a vossa urna

na tarde pálida

e estarei vigilante quando vos baixarem

para o leito da morte

e ficarei sobre a vossa campa

até estar seguro da vossa morte.

(B.D./C.M.)

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Muda

muda

 

Olha em volta,

o mundo muda,

um sussurro,

um minuto.

 

Muda, sim muda,

o lamento sim,

despida verdade,

brechas abertas.

 

Muda sim, o retrato,

feridas palavras,

intemporais soltas,

frágeis fronteiras.

 

Muda, sim a chave,

ténue respostas,

sombrio o olhar,

auréola baça.

 

Muda sim, para lá,

encontra sim, cheio,

existe sim, um louco,

utopia da arte existente.

 

Muda sim, muda,

passageira do tempo,

tudo é, e deixa de ser,

não é apenas pó.

 

Muda, sabes sim,

uma dor, sim muda,

um amor, sim,

uma morte, sim muda.

(C.M.)