Há sempre uma razão para viver. Podemos elevar-nos acima da nossa ignorância, podemos olhar o nosso reflexo, como o de criaturas feitas de perfeição, inteligência e talento. Podemos ser livres! Podemos aprender a voar!
(Richard Bach "Fernão Capelo Gaivota")

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Ciclos


Ciclos, círculos e circunferências,

curtos circuitos, caminhos longos,

perdida a verdade em penitências,

verdades nas trincheiras, prolongas.


Sei o que sei e soube mais que devia,

escombros de vidas á minha frente,

ruínas de perdidos e achados na via,

passam e não voltam numa corrente.


Aperta-se o circulo à verdade,

e a verdade tu nunca a dizes,

sim sei, sei mais do que claridade,

e hoje se a disser não a escravizes.


O mundo hipnotiza a fera ferida,

a necessidade obscura do animal,

aliciante apelativa sem divida,

já não existe lugar para bom sinal.


Sim eu sei o que fizeste, em ciclos,

solares, lunares, económicos e cios,

quando rugido animal está no exilo,

quando a fome e o calor são alicio.


Vi quem não acredita na verdade,

pior que acreditar na pior mentira,

a verdade repele e a mentira atrai,

num jogo de labirintos e conspira.


E o bem e o mal giram em ciclos,

tempestades e bonanças iludidas,

e a dor e o amor que evocam asilo,

são sinais e rangeres no tempo lidas.


E eu queria quebrar o ciclo,

das palavras decentes o gelo,

descobrir um novo mundo,

no ciclo da honestidade e do belo.


E eu sei a formula mágica,

que nada é do bem e do mal,

equivocadas pelo uso sínico,

desse humano que é animal.


Mas se preferes o excesso,

num desenfreado regresso,

viver tudo num só sucesso,

na falsa consciência do progresso.


Se preferes viver correndo e apressado

tudo feito e enlatado sem dor nem amor,

talvez todos os ciclos não tenham sentido,

e esse animal que habitas é da natureza perfeita aberração.
(C.M.)

domingo, 4 de outubro de 2009

Existo!?...



Existo neste ser invisível,

num tempo que banalizou,

imagens do indescritível,

que consumindo me gastou.


Cópia imperfeita dos originais

… banais

… trais

… destruais

… e outros que tais.


O bom da vida que vejo,

amar o verde e o azul,

acariciar a brisa num cortejo,

saborear as ondas do mar a sul.


Para um umbigo um dia olhei

… lutei

… pintei

… abdiquei

… de umbigo nada veio.


Acordo mas fecho os olhos,

momentos onde não existo,

ninguém vê para lá dos olhos,

levado pelo vento não insisto.


Para ninguém escrevo poemas

… fantasias

… imaginativas

… fictícias

… de um mundo realista.


Sei que não existo,

mas amo o que existe,

amo o que insisto,

o belo do olhar que persiste.


No fogo cruzado me encontro

… de nada advém

… talvez do tempo refém

… pecados de alguém

… nada espero de ninguém.


Não existo, eu sei, talvez,

nos destroços alguém vive,

um dia nasce de cada vez,

o mundo dá ao que cultive.


(05/03/2008) (C.M.)