Tens voado amigo por esse amor
tropeçado nas mentiras indecentes
tens sido o elo fraco do acolhedor
e em teias cais de Homens dementes.
Á quem procure pelos disfarces
ouros, pratas e formas perfeitas,
lamentos da vida cais sem ressarces
e as lágrimas não valem desfeitas.
Sabes tu voar amigo nesse coração
sem pressupostos de interesse,
sem pressupostos de intenção,
apenas voar ao luar que amadurece.
De interesses o mundo se corrói,
de intenções o mundo se inchou,
prefiro a ferida linda que me dói,
do sabor livre da palavra que dou.
Tens voado amigo, pouco pelo amor,
sê autêntico, natural, honesto e livre
procura na visão da alma a tua flor
amando como num ninho de alpivre.
Desse voo dizem tanto,
da verdadeira amizade,
do verdadeiro amor tanto,
mas no fundo só ambiguidade.
Nesse voo palavras não existem,
arriscam-se mergulhos, loops e giros
duas almas e duas asas que batem
é preciso um pouco de desvairos.
Tens voado amigo por esse amor,
procurando nos recantos raridades,
tesouros que nem em ilhas em flor,
sobrevives sim porque és cumplicidade.