Há sempre uma razão para viver. Podemos elevar-nos acima da nossa ignorância, podemos olhar o nosso reflexo, como o de criaturas feitas de perfeição, inteligência e talento. Podemos ser livres! Podemos aprender a voar!
(Richard Bach "Fernão Capelo Gaivota")

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

BONITO

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Momentos

São dilúvios e ventos

nascentes e rios os momentos

são mansões e turbilhões

momentos são flutuações.


Quem escolhe os momentos?

se os deuses se os homens

pelos homens são tormentos

pelos deuses são aposentos.


Correm nas veias incertas

incertezas de momentos passados

agarrados ou perdidos e certas

escondidos em passos dados.


O momento é o bastante

é o tempo que não recua

é o instante inconstante

é limpa e turva a água.


Existe momentos que não entendemos

sombras ou luzes, quem sabe, o coração.

Existe momentos em que obedecemos

ilusões ou certezas, quem sabe, a razão.


Á quem se atreva a falar de amor

sem nunca lamber uma lágrima

Á quem se atreva a falar de dor

sem nunca provar o quanto queima.


Á quem se atreva a falar de paixão

sem nunca soltar um sonho uma fantasia.

Á quem se atreva a falar do corpo

sem nunca encontrar num livro que lia.


Qual o momento o instante?

deixar fugir ou agarrar o tempo

deixar o pó assentar na estante

e perguntar ao tempo o momento.


Apenas momentos são,

rolam vidas e sonhos,

mas nada é em vão,

existe sorrisos que componho.

domingo, 26 de outubro de 2008

No Vento Que Passa

Quantos caminhos terá um homem de percorrer
Antes que o considerem um homem?
Quantos mares terá uma pomba branca de sulcar
Antes que possa descansar na areia?
Quantas vezes terão os canhões de disparar
Antes de serem banidos para sempre?
A resposta, meu amigo, está no vento que passa,
A resposta está no vento que passa.

Quantas vezes terá um homem de erguer a cabeça
Antes de conseguir ver o céu?
E quantos ouvidos terá de possuir
Até que se consiga ouvir as pessoas chorar?
Quantas mortes serão necessárias até que saiba
Que já morreu gente demais?
A resposta, meu amigo, está no vento que passa,
A resposta está no vento que passa.

Quantos anos pode uma montanha existir
Antes de ser arrastada para o mar?
Quantos anos podem certas pessoas viver
Antes que lhes permitam ser livres?
E quantas vezes pode um homem virar a cara
Fingindo que não vê o que vê?
A resposta, meu amigo, está no vento que passa,
A resposta está no vento que passa.

(Bob Dylan)

O Sopro do Coração

Sim, o amor é vão
É certo e sabido
Mas então
(Porque não)
Porque sopra ao ouvido
O sopro do coração
Se o amor é vão
Mera dor mero gozo
Sorvedouro caprichoso
No sopro do coração
No sopro do coração

Mas nisto o vento sopra doido
E o que foi do
Corpo no turbilhão

Sopra doido
E o que foi do
Corpo alado
Nas asas do turbilhão
Nisto já nem de ar precisas
Só meras brisas
Raras

Corto em dois limão
Chego o ouvido
Ao frescor
Ao barulho
À acidez do mergulho
No sangue do coração
Pulsar em vão
É bem dele
É bem isso
E apesar disso eriça a pele
O sopro do coração
O sopro do coração

Mas nisto o vento sopra doido
E o que foi do
Corpo no turbilhão

Sopra doido
E o que foi do
Corpo alado
Nas asas do turbilhão
Nisto já nem de ar precisas
Só meras brisas
Raras

Clã

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Ventos de Ti

Sinto saudade de ti

teu olhar no meu olhar

sorriso suave de cristal

rosto de criança menina.


Por pouco tempo seja

vejo-te assim em mim

se pudesse desprender

um quer que seja gesto.


Mas sei que tu não sabes

que meu coração é assim

resguardado e temendo

que seja mais uma vez fim.


Sinto saudades da tua voz

que encerra dores de vidas

alegrias, sorrisos e desejos

e um fino fio sensível.


Já vi tuas lágrimas

oceanos de rimas

vi para lá delas

onde já mergulhei.


Vejo em ti tanto amor

de amor atrevo-me falar

força precisa para afastar

o sínico sabor do egoísmo.


Sinto o que sinto assim

amor-perfeito de imperfeições

que ventos de amor percebe

o coração e a mente deturpa.


Ventos de amor sopram

saudades para lá de mim

sei quem és doce vento

amar com fantasias de cetim.

Ventos Distantes

A resposta está longe,

vem de ventos distantes

procuro em mim assim

escondendo o mais belo.


Para quem teço

quem mereço

nada apenas assim

um dia outro dia sim.


E tudo passa sem passar

e hoje me sinto assim

merecer ou ser merecido

sorte tem o enganador.


Ser sincero é tempestuoso

nos dias de hoje perigoso

por vezes me refugio em mim

escudo que me afasta de ti.


Num carrossel de palavras

ventos distantes atormentam

o frágil dos sentidos apáticos

que acordam e torcem o ser.


Ser e tentar ser sem ter

palavras apenas palavras

ventos levam sem reter

um sonho apenas isso assim.


Poder confiar sem temer

nada existe sem confiança

amor, liberdade e afinidade

sabes o sabor amargo da mentira.


A resposta está longe

ventos distantes e incertos

lamento em palavras ditas

do saber que da vida mereço.

domingo, 19 de outubro de 2008

Voo para Além de Mim

Vi meu voo para além de mim

fazendo perguntas sem resposta

guerreando palavras sem fim

liberdade e o amor como resposta.


Para além de mim um infinito

procurando equilíbrio perfeito

ninguém se esconde no labirinto

fácil será a visão do céu feito.


E se alguém procura

deuses para sua cura

não precisa ir longe

dentro de si um monge.


Vi meu voo para além de mim

oportunidade me deu esse supremo

a este meu corpo aqui e assim

amar um amor intenso não temo.


E para além de mim vou a ti

para me abandonar e encontrar

amor verdadeiro não há um vi,

sim raios de luzes para explorar.


E se alguém me quer amar

e se eu quiser assim lutar

não precisa de ter mas de ser

prefiro de ti e de mim aprender.

Ventos

Abro e fecho lento

pensamento livre

ao redor oiço vento

rumores de lamento.


Oiço vozes e passos

caminhos repassados

cem vezes contados

e tudo são passados.


Vento que não assopras

os heróis e os audazes

mudanças que não sopras

não levas nem trazes.


Abro e fecho fora e dentro

inquebráveis matérias usadas

mentiras e alienações desventro

por entre vidas abaladas.


És único e indissolúvel

pó em terra de ninguém

esperando a terra admirável

onde estás és único refém.


Cria, gira, voa nesse vento

sobre água caminha livre

solta o teu e meu invento

és luz e reino da alpivre.


Reinventa o obsoleto

contos, ditos e mitos

parte com teu amuleto

deita fora lado de delitos.


Abro fecho vento e corrente

é preciso navegar e abrir

é preciso de novo descobrir

a criança em nós carente.