Há sempre uma razão para viver. Podemos elevar-nos acima da nossa ignorância, podemos olhar o nosso reflexo, como o de criaturas feitas de perfeição, inteligência e talento. Podemos ser livres! Podemos aprender a voar!
(Richard Bach "Fernão Capelo Gaivota")

sábado, 16 de janeiro de 2010

Uma Festa de Amigos

Hum, fartei-me de dúvidas.

Há que viver na luz do infalível Sul.


Cruéis vínculos

O poder é dos servos

Homens-cães e suas míseras mulheres

que cobrem com pobres mantas os

nossos marujos

(e onde andavas tu na hora da miséria)


Mungindo os bigodes?

ou esmagando uma flor?

Estou farto de caras austeras

Olhando do alto da sua Torre de TV.

Quero rosas na latada do meu jardim. Perceberam?


Régios bebés, rubis

irão doravante ocupar o sitio

dos estranhos abortos da lama

Os tais mutantes, adubo sangrento

para o cultivo da planta


Estão à espera de nos levarem prós jardins separados

Sabem quão pálida e lascivamente penetrante é a morte que chega a horas impróprias sem se anunciar, sem escolta,

qual conviva horripilante e amigo

que nós mesmos levássemos para a cama


A morte torna-nos a todos anjos e coloca-nos asas

onde tínhamos ombros suaves como as asas dos

corvos


Acaba o dinheiro, acaba o disfarce

Parece que este reino é de longe melhor

até que uma outra queixada revele incestos

e o perdido respeito a uma lei vegetal


Não eu não vou

Prefiro uma Festa de Amigos

à família do Gigante



(Jim Morrison)

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Impulso


Existe nas palavras um som,

no silêncio do tempo um dom,

na musica finos fios de um tom,

dó menor de uma pausa do bom.


E fez-se luz num copo de tormento,

uma revelação no instante momento,

turvo e conspirante movimento,

que se desfaz num perpetuo lamento.


Quem se desfez assim dessa loucura,

nos sentidos sem sentido da rotura,

numa doença insânia sem cura,

na conspiração do olhar que procura.


Existe nos olhares sentidos,

cumplicidades e ventos sentidos,

corações desfeitos e temidos,

intemporais em livros lidos.


E tudo se desfaz num copo,

sinal turvo de um horóscopo,

pó alucinante que não topo,

marés mortas que não ensopo.


E quem disse ao insano louco,

que dizer amo-te era tão pouco,

enganou-se ao dizer rouco,

as ocas palavras para um mouco.


Existem nos actos repelentes,

fugas, perseguições e correntes,

desculpas de histórias ausentes,

caminhos dúbios e diferentes.


Ousamos nos refugiar,

ser exilados sem amar,

julgamos num enganar

e num impulso abandonar.

(C.M.)

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Linguagem do Coração


Não é Braille nem gravura,

escrita, pergaminho ou cifra,

língua, escrita nem escultura,

a linguagem do coração.


Louco aquele que usou

interpretar essa linguagem

decifrar o que abandonou

em sonhos feitos miragem.


Loucura cometeu ao desafiar

o invisível do coração ditar,

em versos e prosas escrevinhar,

ser criança, romântico e se dar.


Não é água, nem Deus, nem ar,

fruto, árvore, flor e nem mar,

não é sabor, cheiro ou olhar,

a linguagem do coração.


Louco fui por acreditar,

na linguagem do coração,

ninguém quis acreditar,

que aprender é uma oração.

(C.M.)