Há sempre uma razão para viver. Podemos elevar-nos acima da nossa ignorância, podemos olhar o nosso reflexo, como o de criaturas feitas de perfeição, inteligência e talento. Podemos ser livres! Podemos aprender a voar!
(Richard Bach "Fernão Capelo Gaivota")

domingo, 26 de julho de 2009

Eclipse…


Tudo o que toques

Tudo o que vejas

Tudo o que proves

Tudo o que sentes

Tudo o que ames

Tudo o que odeies

Tudo o que desconfies

Tudo o que salves

Tudo o que dês

Tudo o que negocies

Tudo o que compres

Peças, emprestes ou roubes

Tudo o que cries

Tudo o que destruas

Tudo o que faças

Tudo o que digas

Tudo o que comas

Com quem quer que te encontres

Tudo o que desprezes

Com quem quer que lutes

Tudo o que é agora

Tudo o que é passado

Tudo o que está para vir

E tudo debaixo do sol está em consonância

Mas o sol é eclipsado pela lua.


(Pink Floyd)

Os Ventos...


Os ventos que às vezes nos tiram algo que amamos,
São os mesmos que nos trazem algo que aprendemos a amar.
Por isso, não devemos chorar pelo que nos foi tirado,
Mas sim aprender a amar o que nos foi dado,
Pois tudo aquilo que é realmente nosso, nunca se vai para sempre.

(Bob Marley)

O Que Será


O que será, que será?
Que andam suspirando pelas alcovas
Que andam sussurrando em versos e trovas
Que andam combinando no breu das tocas
Que anda nas cabeças anda nas bocas
Que andam acendendo velas nos becos
Que estão falando alto pelos botecos
E gritam nos mercados que com certeza
Está na natureza
Será, que será?
O que não tem certeza nem nunca terá
O que não tem conserto nem nunca terá
O que não tem tamanho...

O que será, que será?
Que vive nas idéias desses amantes
Que cantam os poetas mais delirantes
Que juram os profetas embriagados
Que está na romaria dos mutilados
Que está na fantasia dos infelizes
Que está no dia a dia das meretrizes
No plano dos bandidos dos desvalidos
Em todos os sentidos...

Será, que será?
O que não tem decência nem nunca terá
O que não tem censura nem nunca terá
O que não faz sentido...

O que será, que será?
Que todos os avisos não vão evitar
Por que todos os risos vão desafiar
Por que todos os sinos irão repicar
Por que todos os hinos irão consagrar
E todos os meninos vão desembestar
E todos os destinos irão se encontrar
E mesmo o Padre Eterno que nunca foi lá
Olhando aquele inferno vai abençoar
O que não tem governo nem nunca terá
O que não tem vergonha nem nunca terá
O que não tem juízo...



( Chico Buarque)

quinta-feira, 23 de julho de 2009

BOM


No princípio era tudo bom

justo, decente e saboroso,

havia luz, beleza e um dom,

muita fantasia e maravilhoso.


Rastejante veio o abuso,

no vazio do bom a gula,

nos espaços do justo o uso,

do decente ganância chula.


Estranha forma filosófica,

de pensar que no proibido,

está o que nos dá mais lógica,

apenas cimentamos um jazido.


E rimos do triste e da orgia

da desventura e dor alheia

ridicularizamos a alegria

o ingénuo o bonito e cheia.


Onde está o criador?

a imaginação do bom

a decência do orador

a criatividade do som.


No princípio nada era proibido

justiça, princípios e carácter,

havia em cada um fogo nascido,

uma fonte linda de prazer.


Criámos a ostentação do proibido,

com a corrupção e a adulteração,

criamos monstros de sangue frigido,

aniquilam-se almas nesta nova inquisição.


Onde está o fogo e as histórias

as lendas e as epopeias de amor

as luas e os amores e as fantasias

a alegria e o sorriso voador.


Criámos as drogas e as bebidas,

anestesiantes, calmantes e êxtases,

para nos esquecermos das vidas

mascaradas a felicidade que desfases.


Esta é a cruel doutrina

que sem regras ou leis

toda a vida se extermina

se a própria vida acateis.


Libertamos medos por vezes

num corpo faminto de prazer,

em apelativas embriaguezes,

esquecer o que existe por fazer.


Neste labirinto da incerteza,

jogamos ao jogo da insensatez,

esquecemos o bom na certeza,

porque teimamos na nossa avidez.


Um dia o bom existiu sabias,

no fogo e na partilha do amor,

na ausência do preconceito lias

perdemos a criança em prol da dor.


Tudo o que imaginas de proibido,

existe no bom, na certeza porém

que em tudo existe dois partidos,

só no profundo existe tal éden.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Se refaz...

E o poeta se refaz,

da angustia do momento,

por ele vagueiam almas

espíritos perdidos, não sei.


E o amor existe,

porque o ódio existe,

ténue a fronteira

do santo e profano.


E o poeta se desfaz,

da frágil fronteira do prazer,

da consciência moral,

dos actos humanos filosóficos.


E descem sobre o poeta,

tenebrosas e dúbias duvidas,

espíritos inquietos e perturbados

num labirinto e encruzilhadas ratoeiras.


E o poeta se transcende,

deixa por momentos de ser,

vai por ai colhendo sombras,

numa louca vontade de regressar.


E o poeta se refaz,

da angustia de não ser amado,

da angustia de não ser capaz,

de pecar, de abusar e profanar.


E o poeta pergunta por ti,

louco de amor por amar,

ele não sabe é apenas aprendiz

atrai para si blocos de gelo fino.


E o poeta se refaz,

da maior das mentiras,

fingir e sentir que é capaz,

ser maior, mas é cegueira.